É com muita alegria que noticiamos, para nossos respeitabilíssimos leitores, a entrega de mais um projeto dentro da variedade de opções de formatos que os textos biográficos comportam. Alegria também estar no terceiro projeto do gênero com o Circo Navegador, que nesta realização contou com o importante apoio do Proac – lei estadual de incentivo à cultura.
Trata-se de uma revista que conta a biografia de Nelson Garcia, o Palhaço Figurinha, integrante de dois dos circos mais tradicionais e famosos do Brasil (o Garcia e o Piolim) nas décadas de 40 e 50.
Representante estelar da arte da diversão, Nelson Garcia iniciou a carreira sob a alcunha de Pinguim, antes de ser rebatizado pelo seu pai (o qual compreendemos perfeitamente, afinal, um pinguim nos trópicos só podia ser coisa de uma gigantesca Figura, epíteto suavizado pela quantidade de carinho que inspirava).
Com o advento da televisão, o circo – antes de ver sua arena virar antena – foi por muitos anos a maior fonte de entretenimento e cultura da sociedade, inclusive no Brasil, visitando e disseminando a sua magia tanto nas capitais quanto nas regiões mais recônditas do país.
Além de alimentar o aspecto lúdico intrínseco à natureza humana, o circo foi um dos laboratórios das primeiras experiências do que chamamos hoje de globalização. Não em referência ao Globo da Morte, que contava com a participação do Figurinha pedalando sua bicicleta em meio às motos de roncos selvagens que aceleravam a respiração e batimento cardíaco de toda a plateia. Mas sim pelo fato de ser um veículo de informação, que transitava levando todo um universo para as pequenas cidades. Sob a lona, o resultado da criação e convívio de artistas provenientes de várias etnias e ascendências como alemães, poloneses, russos, ciganos e dá-lhe etc.!
Imagine as experiências que essa comunhão podia proporcionar, ainda mais nas excursões que as companhias faziam pelo interior dos interiores em cidades do nordeste, por exemplo?
Figurinha, que hoje brilha nos picadeiros celestiais, também se caracterizava por uma completa adaptação entre as dimensões moderna e tradicional de um mundo em constante mudança. Se por um lado a TV diminuía o público do circo, por outro dava asas para Nelson Garcia, que aprendeu a consertar os aparelhos então futuristas, formando-se técnico em Rádio e Televisão e aproveitando sua habilidade plenamente desenvolvida em montar e desmontar seus outros engenhos: as bicicletas.
Outra amostra dessa capacidade se deu quando uniu a ancestral carreira de palhaço com uma atividade de vanguarda na década de 60: a de garoto propaganda, contratado pela Monark.
Igual know-how a Biografias & Profecias procura desenvolver em seus trabalhos biográficos ao fazer a ponte entre a memória e a contemporaneidade, seja de pessoas, famílias ou de empresas. Aliás, esta revista também vem para homenagear a família Garcia como um todo.
Revisitar o passado não é um exercício destinado a cultivar um saudosismo inócuo, mas sim a reavivar as fragrâncias das flores de nossos sentimentos ainda tenros, ainda brotos. Sim, esse pode ser o aroma do antigo, uma rosa perfumada de uma bela recordação. Assim, damos um passo para saber de onde viemos e quem somos, enquanto o “para onde vamos” vai se aproximando, sempre iminente e imanente.
“A alegria é o sinal pelo qual a vida marca o seu triunfo”
Alexis Carrel