Tempos bicudos? Parece que sim. Mas uma coisa é certa: essa não é a primeira crise econômica que vivemos e tampouco será a última. Há quem diga que em épocas como essa, o dinheiro não desaparece, apenas troca de mãos. Aliás, se alguém puder dar uma dica de quais mãos sãos essas, seja bem-vindo!
Por pior que a situação pareça, o verdadeiro problema acontece quando a falta de dinheiro nos faz esquecer de quem somos. Pudera: certas vezes associamos o ter ao ser e, na escassez material, chegamos até mesmo a refletir se estamos no caminho certo, ignorando que foi este mesmo caminho que nos trouxe outros tantos sucessos e satisfações.
E é aí que o processo de resgate da memória tem um valor ainda maior.
Se deixarmos o saldo de nossas contas dizer quem somos, ficamos fadados à triste escassez. Mas se mergulhamos em nossas raízes, origens, de onde viemos e como fomos forjados, aí, em tempos nebulosos, temos a capacidade de perder o sono, mas não o brilho! Somos a somatória das nossas vivências, das pessoas com as quais resolvemos nos relacionar, das nossas escolhas, vitórias e desafios.
E conforme vamos nos apoderando daquilo que nos construiu, incorporamos uma força vital que resgata nosso orgulho, coragem e a fé daquilo que somos e que, afinal, somos nós quem damos o tom à vida – numa sequência de acordes, graves e agudos, é verdade – e podemos escolher como dançar conforme a melodia.
Por isso, em tempos de crise, fique atento à economia que você vai fazer. Não adie aquilo que nem o tempo e nem o dinheiro compram. Viva o presente com sua essência e não com o medo que disfarça a parálise em nome de previdência. É importante, sim, contar dinheiro, mas isso não é tudo. Conte também sua história. Afinal, ela é uma grande e nobre fonte de riqueza.
Um dos exemplos mais simbólicos que a Biografias & Profecias pôde acompanhar aconteceu no ano passado, quando estávamos escrevendo o livro À luz dos números, onde contamos a história da Luz & Oliveira, uma empresa de contabilidade de Joinville, cuja história inspira qualquer empresário, independente de sua área.
Enfim, após fazermos as diversas entrevistas e apresentarmos o texto original para a aprovação dos diretores, Rosa da Luz, sócia fundadora da empresa, pediu um tempo para nós: assim que acabou de ler os capítulos, refletiu sobre como seu livro deveria acabar. Ou seja, qual rumo ela gostaria que seu escritório de contabilidade tomasse a partir do presente? Quais seriam os próximos capítulos?
Rever seu passado foi um gatilho para novas tomadas de decisões que, por sua vez, foram possíveis graças ao processo de resgate que havíamos proporcionado durante aqueles nove meses de produção do livro. Rosa não passava por uma crise financeira, mas seu despertar como empresária a fez olhar seu negócio de maneira mais lúcida – um olhar que, em tempos de crise, se faz mais do que bem-vindo e essencial.